sábado, 6 de setembro de 2008

Do fundo do coração, debaixo do travesseiro

(ficção)

Só a gostosa sensação de estar ao seu lado me torna uma pessoa extremamente realizada. Eu sei, meu amor por ti é platônico e, acredito eu, você nunca saberá.

Também sei que isso acaba se tornando de certa forma um sofrimento para mim, e grande. Mas de qualquer forma sei me colocar em meu próprio lugar e sei que nunca daria certo e sei também que nossos mundos estão em planos diferentes.

E também sei que assim, como está, todo o sentimento que tenho por você e toda aquela cena de filme que imaginamos quando estamos apaixonados, esperando por aquele primeiro contato, aquele primeiro beijo, nunca se acabará.

Quero continuar a sentir minhas pernas tremerem quando chego perto de você e gaguejar por estar nervoso quando conversamos, sem você jamais imaginar que gostaria de tê-la aos meus braços, em todos os momentos.

Você é linda. Demais. Uma boneca feita pelas mãos mais sensíveis de um artesão apaixonado. Seu andar, seu jeito de mexer o cabelo, como sorri pra mim quando nos encontramos e até o modo mais simples de reclamar das coisas quando está brava é lindo.

Sou um sonhador e toda vez que sinto o cheiro do seu perfume onde estou vou logo te procurando. Raras são as vezes que tenho a sorte de te encontrar, mas quando acontece, parece uma eternidade. O mundo congela em volta de mim.

Iniciativa? Sim, tenho quando preciso. Mas nesse momento o que eu quero é sonhar, voar para as estrelas e cantar para você até o dia amanhecer. E torcer para te encontrar mais uma vez.

Escrito ao som de Matt Costa

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Momentum




Fotos tiradas na Ponte Rio-Niterói, no dia 23 de agosto de 2008, à 1h.
Aparelho: Sony Ericsson - w810
Trilha sonora no momento da passagem: Hot Water Music - a flight and a crash

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Tempos de Esperança

São mais ou menos 10 minutos para fazer e uma deliciosa eternidade até o momento em que eu retorno a realidade.

Coloco Ben Harper no som e entro no clima. Sinto a grata sensação de que estou indo para o paraíso. Ao tocar da primeira música o suspiro vem profundo, apaixonado. Meu sorriso se abre e a felicidade finalmente chega. São alguns passos dali para a cozinha. Passos que parecem a flutuação de alguém que está prestes a realizar um sonho, um desejo jamais experimentado antes.

Coloco a quantidade de água necessária na panela, aproximadamente quatro dedos, e levo-a ao fogão, de preferência em fogo alto. Pego a garrafa e lavo-a com um pouco da água já quente que está fervendo. Não muito. Tomo cuidado, pois essa garrafa é a morada provisória do meu bem.Pego o suporte, o porta filtro e coloco o coador de papel dentro dele. Nesse momento, sinto um arrepio. Estou abrindo o pote da felicidade. O aroma toma conta do ambiente. Sobe, entra pelo nariz, meus olhos brilham, quase choro emocionado. Já está tocando a segunda música do cd.

Para quatro dedos de água, coloco três colheres de sopa cheias! Não prenso, deixo como está. A água começa a borbulhar, jogo-a no pó e deixo-a escorrer para a garrafa. Não mexo, apenas deixo ir. Não gosto de seguir o padrão. Assim tenho feito e conquistado alguns paladares perdidos e loucos pelo néctar dos deuses!

Fecho a garrafa em um movimento suave. Desenrosco a tampa com delicadeza e deixo-o descer e fazer a sua dança até a minha caneca favorita. Parece uma cascata negra e brilhosa, cheia de vida, incandescente! Enquanto cai, faz do reflexo da luz uma série de figuras abstratas. Já começo a me emocionar. “And i'm waiting on an angel, and i know it won't be long, to find myself a resting place, in my angel's arms, in my angel's arms”. Nem percebo e já estou cantando.

A fumaça sobe pra fora da caneca e faz o seu malabarismo encantador. São curvas e rebolados, até parece que está dançando a música. Parece que está me chamando pra dançar juntinho com ela. Está tentando me conquistar. Nem precisa. Já estou de queixo caído a sua frente. Já sou seu escravo e amante, capaz de me ajoelhar aos seus pés. Não aceito o convite, não quero estragar tudo, pisar no seu pé. Fico ali, estático, apenas olhando e deixando me envolver pelo seu balé.

Dali pra varanda são mais alguns passos. Passos daqueles que damos quando caminhamos nas nuvens. Aproveito para aumentar o som. Deixo a caneca no aparador e subo o toldo. Quero ver as estrelas brilhando pra mim. Fico ali, bebendo bem devagar. Bebo como se fosse a última vez. Brinco com ele. Sento no sofá, puxo uma cadeira e estico as pernas. São quase quarenta minutos hipnotizado quando percebo que o som já havia parado há algum tempo.

Ok, sem problemas, crio coragem, coloco outro cd e vou pegar mais uma caneca de café. Pode até acabar o momento, mas o sabor fica. O paladar e a memória são meus cúmplices fiéis. Só nós três sabemos o que se passa naquele momento só nós três conseguimos sentir tal prazer tão difícil de explicar.


De repente, lá em baixo, na rua, ouço um carro buzinando bem alto para um outro que só quer estacionar. Parou o trânsito por alguns segundos para fazer baliza. Percebo que acabou a segunda caneca. É hora de voltar a realidade. Mau posso esperar para fazer o meu próximo café. Já pensei até na trilha. Quero ouvir Norah Jones e cantar Sunrise!

Imagens: www.imagebank.com
Escrito ao som de Ben Harper

Próximo texto: amor platônico...

segunda-feira, 11 de agosto de 2008